Evento será realizado no dia 3 de agosto e deve atrair
cerca de 4 mil pessoas na capital paulista
Imagine poder comer uma esfiha, um pastel ou aquele saudoso bolo da avó sem
receio de contaminação cruzada, sabendo que tudo o que está exposto foi
cuidadosamente escolhido, manuseado e preparado para atender às suas
restrições alimentares. Essa é a proposta da Feira Sem Glúten São Paulo,
que chega à sua quarta edição no próximo 3 de agosto, das 10h às 18h, no Centro
de Eventos São Luís, na Consolação (Rua Luís Coelho, 323), com 75 marcas
expositoras e expectativa de público em torno de 4 mil visitantes.
O evento surgiu a partir da vivência pessoal com a doença celíaca das suas
três fundadoras - Mônica Neves, Regina Mancini e Denise Ussami - e foi
pensado para acolher e oferecer experiências gastronômicas seguras e prazerosas
a quem vive com restrições alimentares, especialmente ao glúten. Mas essa
edição vai além: também haverá opções com outros alérgenos, como
leite, soja, ovos e castanhas. Os ingressos custam R$ 22 antecipadamente no
site oficial ou R$ 26 no dia do evento.
"Receberemos este ano expositores vindos não apenas do
estado de São Paulo, mas também de Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG), Rio
de Janeiro (RJ), Curitiba (PR) e Salvador (BA). Com o objetivo de garantir a
total segurança dos alimentos expostos, todos passam por uma curadoria rigorosa
e criteriosa para que os consumidores estejam em total
segurança", diz Regina Mancini.
“A Feira Sem Glúten SP é um marco na construção de um
ambiente acolhedor para a comunidade celíaca e para quem tem outras restrições.
Ela revela a força e o tamanho real desse público, que muitas vezes permanece
invisível no dia a dia, mas está em constante busca por segurança e variedade”,
afirma Luara Balbi, fundadora da Inclua Consultoria Social,
especializada na gestão de restrições alimentares em estabelecimentos e
serviços de alimentação fora do lar.
Um mercado que cresce com afeto, segurança e sabor
Muito além de um espaço de vendas, a feira se tornou também um espaço de
pertencimento. “Para muitos de nós, esses eventos proporcionam experiências
gastronômicas raras e emocionantes, sem a preocupação da contaminação cruzada”,
conta Luara. Em sua última edição, o evento gerou mais de meio milhão de reais
em vendas em um único dia, recebendo visitantes de diversas regiões, incluindo
famílias que viajaram até São Paulo exclusivamente para viver essa experiência.
Segundo Mônica Neves, o mercado sem glúten não se restringe às
pessoas com diagnóstico de doença celíaca — estimadas entre 1% e 6% da
população mundial. “Há também quem escolhe essa alimentação por orientação
médica ou por se sentir melhor assim. Existe uma fatia de mercado disposta a
consumir, a indicar e a voltar, desde que encontre acolhimento, segurança e
sabor.”
A consultoria Inclua atua para ajudar bares, restaurantes, buffets,
refeitórios, entre outros a fazerem a gestão de restrições alimentares de forma
consciente e proativa, respeitando normas e prevenindo contaminações
cruzadas. “Entendo que empresários possam ter preocupações com custos,
treinamento e a complexidade de gerenciar isso tudo. Mas essas barreiras são
superáveis. Atuar de forma inclusiva não é caridade, é visão de negócios”,
pontua Luara.
Ela destaca que, com as ferramentas certas, qualquer empresa pode adaptar parte
de seu cardápio para contemplar esse público: “É possível oferecer opções
seguras e deliciosas. E o retorno vem: quem se sente respeitado vira cliente
fiel e ainda divulga o lugar para outras pessoas com as mesmas necessidades.”
Inclusão que inspira o setor de alimentação fora do lar
A resposta positiva do setor a essa tendência já começa a aparecer. Um bom
exemplo vem do concurso O Quilo é Nosso, promovido pela Abrasel, que elegeu em
2023 o restaurante Beggiato, de Belo Horizonte (MG), como o melhor
restaurante a quilo do Brasil. O prato vencedor foi um nhoque de abóbora ao
molho de cogumelos e sálvia, criado a partir do diálogo com clientes que
buscavam opções sem glúten, sem lactose e vegetarianas. A receita mostrou que é
possível unir sabor, inclusão e criatividade — uma direção cada vez mais
valorizada no setor.
“Comida também é afeto. É viajar, conhecer, experimentar e arquivar uma
memória. Para nós e nossas crianças celíacas, muitas vezes esse acesso é
negado. A Feira Sem Glúten SP proporciona essa comunhão de forma
emocionante”, diz Denise Ussami.
Luara conclui com um recado aos empreendedores: “Acreditamos que, com as
práticas corretas e o compromisso necessário, qualquer empresa pode se tornar
um espaço verdadeiramente acolhedor. E, ao fazer isso, além de cumprir um papel
social relevante, colhe os frutos financeiros de um mercado em plena expansão.”
A Feira Sem Glúten SP é hoje o maior evento do segmento no Brasil e segue
inspirando transformações no setor de alimentação fora do lar. Para o público
que ainda busca opções seguras, saborosas e respeitosas, o recado é claro: há
um novo espaço sendo construído — e ele está apenas começando a crescer.